Hoje me lembro
O sertão onde nasci
E agora estou aqui
Nessa grande povoação
Nesse momento
Que eu quero lhe falar
Não queira correr pra cá
Meu amigo, meu irmão
Porque aqui
É um avanço de loucura
Não tenho uma vida pura
Como se tem no sertão
O povo estuda
Aprende com inteligência
Mas lhe falta consciência
E a consideração
Que me desculpem
Os grandes industriais
Que vivem nas capitais
Não conhecem o sertão
É lá da roça
Que vem a todo momento
O divino mantimento
Pra sua alimentação
Deviam ver
Da maneira que eu vejo
Que o caboclo sertanejo
É o esteio da nação
Os tubarões
Devem ter muito cuidado
Porque sem o empregado
Também não será patrão
A leitura, amigo
É o social deste lugar
E os prédios mais graúdos
O pessoal sem estudo
Quem ajudou levantar
Depois de pronto
Com total habitação
O caboclo do sertão
Pra dentro não pode entrar
Aí precisa
De uma autorização
Do porteiro ou do patrão
Para falar com alguém
E para mim
Se torna a maior tortura
Essa tal de vida pura
Que na cidade não tem