No morro do Pão de Açúcar nosso de cada dia
Uma mulata trazia lata d’água na cabeça
Cozinheira de mão cheia, Maricô o nome dela
Só pode ser terecô o que me leva pra ela
Só pode ser terecô seu surubim de panela
No alto da madrugada, sete batidas na porta
Maricô não se importa, prepara um peixe pra mim
O cheiro já anuncia, tem surubim na panela
Só pode ser terecô o que me leva pra ela
Só pode ser terecô seu surubim de panela
Tempera, tempero, Maricô Terecô
E na Pedreiras de outrora, podia ser um doutor
Estudante ou lavrador, são todos filhos de Deus
Com amor matava a fome do boêmio e do magrela
Só pode ser terecô o que me leva pra ela
Só pode ser terecô seu surubim de panela
E na vitrola, um vinil tocando um samba dolente
Desses que alegra a gente e mata qualquer saudade
E o Buda na estante protegendo a clientela
Só pode ser terecô o que me leva pra ela
Só pode ser terecô seu surubim de panela
Tempera, tempero, Maricô Terecô
Surubim é peixe nobre do meu rico Mearim
Que a mulata preparava com o tempero do amor
Quem conheceu seu sabor não esquece a flor mais bela
Só pode ser terecô o que me leva pra ela
Só pode ser terecô seu surubim de panela
Na poeira das lembranças que essa saudade nos traz
Estes tempos atuais, meros coadjuvantes
Na memória, Maricô, Mearim e surubim
São atores principais nesse enredo de novela
Só pode ser terecô o que me leva pra ela
Só pode ser terecô seu surubim de panela
Tempera, tempero, Maricô Terecô
Tempera, tempero, Maricô Terecô