Aqui na cidade da garoa
A chuva, quando chega, chega pra molhar
No nosso próprio mundo a gente voa
Mesmo sem saber voar
Quanto tempo faz que alguém saiu às ruas
Em busca de algo novo para transformar?
E quanto tempo faz que o rio virou espuma
Tirando das crianças a piscina pra nadar?
Mas vai saber o que se passa nessas cabeças quadradas
No coração da floresta de concreto
Jovens e velhos se envenenam para anestesiar
O sentimento de conformidade que ataca um a um
Não respeita nem idade nem lugar
De onde é que vem o grito de socorro
Que ecoa pelos becos num instante até cessar
E de onde é que vem toda essa compostura
Indecente a quem pressente tudo que ainda virá
Mas vai saber o que se passa nessas cabeças quadradas
Antes de abrir seu guarda-chuva
Olhe pra cima e repare na beleza do trovão
Que corta o céu e ilumina as ruas
Sempre tão escuras, se revelam no instante do clarão
Como é que faz pra se dormir direito
Se a guerra é incessante entre polícia e ladrão
Me diz como é que faz então, senhor prefeito
Se tem gente dormindo até na boca do lixão
Mas vai saber o que se passa nessas cabeças quadradas
Cabeças quadradas
Cabeças quadradas
Cabeças quadradas
Mas vai saber o que se passa nessas