Você achou que matar o fraco era o fim, idiota?
Aquilo foi só o convite
Agora você está na porta do inferno
E o pedágio é a sua sanidade
O batismo não é pra te limpar, é pra te afogar
Afogar na dor, no caos, no terror absoluto
De descobrir do que você é feito
Não lute, não respire, apenas afunde –
A transformação começa quando você aceita que já está morto
A barra no teu peito não é mais ferro
É a lápide do teu antigo eu
Cada quilo a mais é uma pá de terra
Jogada sobre o corpo que você enterrou
Afoga na dor que te cria
Morra pra nascer todo dia
Esse é o batismo, o rito final
Transforme seu corpo no portal brutal
Não há salvação, não há glória nem luz
Só o peso do mundo na tua cruz
O ar não vem, o pulmão queima
A visão fica preta e turva
Nesse breu a alma se curva ou se quebra
Ou renasce como um demônio faminto
A falha vira afogamento absoluto
O músculo grita por trégua
O cérebro implora por glicose
Mas a vontade responde com ódio, teimosia
Insanidade suicida
Você empurra o peso não pra viver
Mas pra lembrar quem comanda sua vida
No fundo, vêm os flashbacks que rasgam
O trono perdido, as traições
As promessas vazias, o amor de mentira
Cada bolha é um grito, cada memória um espinho
Eles não queriam te ver no chão
Queriam que o chão sumisse pra você
E conseguiram
Agora só existe o peso do que é não ser
Afoga na dor que te cria
Morra pra nascer todo dia
Esse é o batismo, o rito final
Transforme seu corpo no portal brutal
Não há salvação, não há glória nem luz
Só o peso do mundo na tua cruz
Vocês da superfície veneram a luz
Idiotas
A luz revela, a escuridão transforma
A luz aquece, a escuridão tempera aço
Aqui embaixo não há distração
Não há ego, não há esperança –
E quando ela morre, nasce a vontade
Pura, absoluta, incondicional
Pare de lutar contra a água. Respira
Pare de lutar contra a pressão. Torne-se ela
O abismo não é sua cova – é sua forja
Eu parei de lutar. O ar se foi
A paz chegou – uma paz brutal
Meu coração martelava como um malho
O frio temperava a lâmina que eu viraria
Cada segundo submerso era um golpe
Forjando um novo tipo de vida
Eu via no escuro, ouvia o silêncio
Me alimentava do vazio
Eu não estava me afogando no oceano
Eu estava virando o porra do oceano
Afoga na dor que te cria
Morra pra nascer todo dia
Esse é o batismo, o rito final
Transforme seu corpo no portal brutal
Não há salvação, não há glória nem luz
Só o peso do mundo na tua cruz
Você está no fundo. O ar acabou
A pressão quebra ossos
É aqui que 99% desistem
Mas você olha pra baixo
E vê que o fundo do poço tem um porão –
E lá vivem os monstros verdadeiros
Então você cava
E no abismo pulsa algo
Uma estrela negra
Uma fênix do profundo
Que não quer o céu – quer o trono do escuro
O afogamento não é o fim
É o primeiro segundo da eternidade
Estou batizado em nome da pressão
Do silêncio e da vontade que me forjou
Levanta, porra! A missa acabou
Eu não sou mais vítima do afogamento –
Eu sou a maré
Eu sou a força que esmaga
Eles lá em cima com o sol e o ar
Que fiquem no parquinho de areia
O poder não é subir –
É ter um reino tão profundo
Que nem a luz entra sem pedir licença
Este é meu trono
Meu império
Eu sou o titã submerso
Das profundezas, eu governo