Perguntei ao nordestino
Ao pé de um jambeiro em flor
Por que o sertão tá torrado
E o jambeiro não secou
Ele então me respondeu
Aqui morreu meu amor
Essa árvore é a cruz
Que com o tempo brotou
De tanto eu molhar seu tronco
Com as lágrimas de dor
Há muitos anos passados
O sertão todo secou
Eu e Maria saímos
Deste sertão traidor
Levando a fome e a miséria
E a fé em Nosso Senhor
Chegando nesse lugar
Maria não aguentou
De fome e sede caiu
E nunca mais levantou
Fiz uma cruz de jambeiro
E finquei nesse lugar
Aqui sozinho passei
Dias e noites a chorar
Molhando a terra de pranto
Essa cruz pegou brotar
Restou só esse jambeiro
Daquela hora fatal
Aqui espero que um dia
Também vou me sepultar
Aqui em volta tudo seca
Só a árvore que não
Porque eu não deixo faltar
Meu pranto que molha o chão
São chuvas que caem dos olhos
Das nuvens do coração
Seus galhos parecem os braços
De Maria em oração
Pedindo a Deus numa prece
Mande chuva pro sertão