Quando a gaita debochada engole a alma
Que esse gaiteiro apaixonado tem nos dedos
Vai pouco a pouco sorrateira enchendo a sala
Para contar os seus cambichos e segredos
E o tocador cheio de ânsias querendonas
Vai se entregando e nem percebe que a ventana
(É uma saudade disfarçada de cordeona)
(Que vai desfiando o rosário de suas penas)
(E dê-lhe gaita, dê-lhe baile noite a dentro)
(Gaiteiro e gaita se completam no salseio)
(Se o gaiteiro tem a gaita dentro d'alma)
(Dentro da gaita vive a alma do gaiteiro)
Quando o gaiteiro anda meio abichornado
Agarra a gaita e se renova num momento
Pois a parceria lhe ajuda a botar fora
Todas as mágoas, as tristezas e os tormentos
Nos olhos tristes aparecem um brilho novo
E o coração tranqueia firme no compasso
(Os dois parecem um casal de apaixonados)
(Trocando juras na ternura de um abraço)