Sardinheiras
Amália Rodrigues
Sardinheiras
Um dia ele seguiu-me
Da água onde eu morava
Cumprimentou-me, fugiu-me
E a outro dia lá estava
Atirei-lhe da trapeira
Da minha água furtada
Uma rubra sardinheira
Que se tornou mais corada
Depois, nunca mais o vi
Nem do seu olhar a chama
Passou tempo e descobri
Que ele morava na Alfama
Uma noite, sem pensar
Pus o meu xaile e o meu lenço
E fui atrás desse olhar
Que deixara o meu suspenso
Hoje moro onde ele mora
Hoje durmo onde ele dorme
E há Sol por dentro e por fora
Da minha alegria enorme
Un día él me siguió
Desde el agua donde yo vivía
Me cumplimentó, me huyó
Y al otro día allí estaba
Le lancé desde la buhardilla
De mi agua robada
Una roja geraniácea
Que se sonrojó más
Después, nunca más lo vi
Ni de su mirar la llama
Pasó tiempo y descubrí
Que él vivía en Alfama
Una noche, sin pensar
Puse mi chal, mi pañuelo
Y fui detrás de ese mirar
Que dejara el mío en suspenso
Hoy vivo donde él vive
Hoy duermo donde él duerme
Y hay Sol por dentro y por fuera
De mi alegría enorme
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