Sem abraço ou aperto de mão
Proibidos de ganhar o pão
Recusados em prol de um bem,
Bem maior
Cada um no seu canto
Sem canto e sem flor
O tempo transborda e aflora a dor
Mas o tédio motiva a compor
Outro samba sem cor
Quero remar para sair da pindaiba
Mas tá brabo pro meu lado meu irmão
Barco furado, vento contra, mar gigante
Eu me esforço mas não saio da arrebentação
A terra parou de girar
Cansado de tanto esperar
Tolído até de planejar
Eu estou por aqui
Parado sem ter o que fazer
Ao ver nosso povo sofrer
O medo não pode vencer
Não podemos cair
Eu fico doido, muito afoito
Quando vejo o que almejo
Outro dia já passou
As minhas contas se penduram uma a uma
Na espuma de outra onda Eu vou
O mar não deixou de bater
Lá fora até pode chover
Mas sei que pra gente vencer
É preciso esperar
O tempo insiste em correr
Aflito aguardo pra ver
O que vai nos acontecer
Quando isso passar