Nas veias do cosmos, um rio de luz
A cura que acalma, que ensina e conduz
Não vem da ampola, do corte ou do gesso
Vem da sublime arte de entender o processo
Cada estrela que brilha, cada folha que cai
É o magnífico universo dizendo vem e vai
A dor é um mestre, um eco, uma prece
Mostrando a ferida que a alma esquece
Mas o relógio não para de girar
E na vitrine da vida, pra se mostrar
Trocam a mão estendida por um brilho fugaz
Que imensa tolice, que falta de paz
Pois o universo ensina, com o tempo e a distância
Que tudo que é matéria perde a substância
E o que se leva daqui não é o que se tem
É a luz que se doa pra um outro alguém
Eu vejo palácios de areia no chão
E tronos de ego na multidão
Corações que poderiam ser um cais, um abrigo
Mas preferem o aplauso, o amigo de umbigo
Fecham os olhos pra quem chora na rua
E exibem a posse, a riqueza que é nua
De todo o sentido, de toda a razão
Esquecem que a vida é um sopro, uma estação
E o relógio não para de girar
E na vitrine da vida, pra se mostrar
Trocam a mão estendida por um brilho fugaz
Que imensa tolice, que falta de paz
Pois o universo ensina, com o tempo e a distância
Que tudo que é matéria perde a substância
E o que se leva daqui não é o que se tem
É a luz que se doa pra um outro alguém
Mas eu sonho com o tempo em que a terra desperta
Com gente que enxerga a porta aberta
Não, a do seu ego, mas da alma liberta
Uma humanidade mais justa e mais certa
Com mãos que se estendem na pura nobreza
De entender que o amor é a única riqueza
Sem esperar nada em troca, apenas o bem
Pois sabem que no fundo, somos todos um, amém
E o relógio não vai parar de girar
Mas um dia, a gente aprende a amar
E a mão estendida por um brilho fugaz
Será só lembrança de um tempo pra trás
O universo sorri, vence a ignorância
Pois toda alma entende a sua importância
E o que se leva daqui não é o que se tem
É o amor que se deixa, e o amor que vai além