Tudo que te tira a paz
É invisível aos olhos
Está ali porque os sentimentos
Alimentam
Navegar pela alma
É encontrar despojos
Das batalhas diárias
E fazer deles troféus
Na estante da vida
A mão invisível
Que nos protege e nos toca
É a mesma que sacode a árvore
Faz das nossas ações
Um caminho mais denso
Calcado com pedregulhos
Quero um caminho sólido
Na solitude do eu
Quero me afastar da solidão
Quero alicerçar o caminho
Que será trilhado
E tento ser eu
Ouvir dizer
Nenhum homem é uma ilha
Cada homem é uma partícula
Do continente
Uma parte da terra
Se um punhado é arrastado para o mar
Se fragmentando
Como se fosse monturo
Como se fosse a casa de estranhos
Ou fora da minha própria casa
Seria a morte de qualquer homem
Uma insanidade
Porque sou parte do ser
E por isso não perguntes
Por quem os sinos dobram
Eles dobram por ti
Eu me dobro por ti
A arte está na forma
Com que se enxerga
O êxito de estar a contemplar
A si mesmo
E projetar as suas ilusões
Ou realidades naquilo que lhes apraz
É nosso triunfo diário
Eu daqui observo
A minha árvore
Em um jardim sem pomar
E as sacudidelas que tento dar
Não têm resultado algum
Isso me convence de que todos os dias
A mão invisível que a toca
E testa as suas raízes
Ao vê-la imperturbável
Não se dobrar
Então danço
Com a mão invisível
Entoando uma canção ao vento
Me desvencilhando
Das folhas mortas
Caídas ao chão
Se eu quisesse sacudir a árvore
Com as próprias mãos
Não seria capaz
É que eu sou como um grão de mostarda
Lutando para germinar
Em terras áridas
Na estação errada
O vento que não vejo
E que atinge a árvore
A perturba e a dobra como quer
Quem nos salvará
Da ira vindoura
Quem estará nas trincheiras
Ao teu lado
E isso importa
Mais do que a própria guerra
Estamos indiscutivelmente
Curvados e atados
Por mãos invisíveis
Eis aí o grande leviatã