Avançando vai o tempo no relógio do destino
Sempre numa estrada reta sem olhar pra trás, seguindo
Passa às vezes devagar pra quem sofre já pedindo
Que ele passe e leve embora toda dor e desatino
Por mim o tempo passou distraído não levou
E comigo aqui deixou a saudade residindo

É como se eu tivesse mais de um tempo pra viver
Um pertinho de lembranças e outro a me envelhecer
O primeiro sempre mostra o que não posso esquecer
E este livro de memórias ele me ajuda a escrever
O segundo só possui entre as rugas que evolui
Um rascunho do que fui e que nunca mais vou ser

Entre o passado e o presente, vendo o futuro chegar
A galope na saudade eu volto sempre a um lugar
Onde a estrada ainda é de terra, onde é de lenha o fogão
Fechadura é tramela e o piso da casa é o chão
Vou e volto feito o vento, sou feliz por um momento
Enquanto o segundo tempo não me arrastar então