A danada da música
Chega sem bater na porta
Invade a sala do peito
E muda o móvel da alma
Tem dia que samba no riso
Tem noite que chora no blues
Às vezes é rap nervoso
Às vezes, só o silêncio e a luz
Não pede licença, não jura amor
Mas quando gruda, gruda com fervor
Vira trilha, vira fuga
Vira prece, vira arruaça
É fio de voz na garganta rouca
É tambor no peito que nunca apaga
É o amor falando em língua louca
Que a gente entende sem dizer nada
Danada essa tal de música
Que cura, que corta, que cria
Me fez poeta sem rima certa
Só com o compasso da rebeldia