Se doer a asa, voe de lado
Aponte o dedo e mostre a dor
Fale com os troncos, diga pros frutos
Conte pras folha se pro beija- flor
Se acaso der fome, peça um pedaço
Morda com força e conte o sabor
Se a manhã sumir, se o Sol falhar
É só abraçar, que chega o calor
Chame a aurora que o dia é agora
Não deixe ir embora, tem brisa no ar
Não perca a hora, não deixe passar
Boca afiada, dê gargalhada
Da vida calada, grite o nome
Da alma gelada, que o sonho consome
A pele é sua, a vida é nua
A sobra da rua é um quase nada
A carne que é crua, é desesperada
Não perca a graça, corra na praça
Finja que passa, seja perverso
E só de pirraça, cante um verso