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Veritas, Vera Cruz, Marco Zero

Lucas Maciel

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Sentado na mureta, cheio do mundo
Tentando chegar ao fundo da questão
Crocodilo no esgoto, segismundo na cela
Aqui são outras leis e nada é meu

Veritas, vera cruz, marco zero

Em todo peito um vão
Cada vez mais alto, mais distante
Mais longe do chão
Até que some de tão abstrato (ó não)
E que se ergue e se empilha em apartamentos
E se isola em pequenos compartimentos
E se um morcego hoje à noite entrar pela janela
Um morcego em gotham não é sonho, não é mais

Veritas, vera cruz, marco zero
Veritas, vera cruz, marco zero

E eu aqui sentado na beira do abismo
Da fenda abissal da escuridão eu sinto
O arauto do obscuro o mensageiro insano
Nas asas negras do seu aeroplano do destino
Passando a limpo as mil etapas do seu plano
Uma gárgula renitente por anos e anos
Duas faces carrancudas, uma na frente uma na nuca
O próprio caráter do tempo à imagem daquilo que nos faz
Virar pedra

Eu não caio nessa arapuca não me pega
Eu tenho os pés voltados pra minha terra
Aqui é norte-noroeste, eu vou até a beira

E como um trem
O meu coração viaja e vai além
Da skyline esverdeada do aterro do flamengo
(Tchu-tchu)

Rasga o chão

Rasga o chão
À procura
Da janela
Do meu quarto

Devora os prédios
As cidades ao redor
E o Brasil

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