Escrevi mais uma carta hoje
Dobrei o papel com as mãos vazias
Palavras gritam dentro da minha cabeça
Mas aqui fora, só o silêncio me espia
Falei com o espelho e ele não respondeu
Minhas sombras sentam na cama comigo
A caneta dança sobre o caderno
Como se alguém ainda fosse meu abrigo
Cartas pra ninguém, ninguém vai ler
Desabafos jogados no vazio do ser
Minhas palavras sangram em folhas sem fim
Mas ninguém responde
Ninguém por mim
A parede me olha, e às vezes sorri
Ou talvez seja só mais uma ilusão
Escuto passos quando tudo está quieto
Mas não há ninguém
Só meu coração
Os nomes se perdem no tempo da dor
Me chamam de louco, mas não sabem quem sou
Só tento encontrar um pouco de cor
Num mundo cinza que já me apagou
Cartas pra ninguém, ninguém vai ler
Desabafos jogados no vazio do ser
Minhas palavras sangram em folhas sem fim
Mas ninguém responde
Ninguém por mim
Se um dia alguém abrir a gaveta
E ler o que escrevi com medo e fé
Que entenda que a dor tem nome e morada
E mora em mim, onde ninguém quer estar de pé
Cartas pra ninguém, mas eu sigo a escrever
É tudo que resta pra não enlouquecer
Minhas palavras são gritos que ninguém ouviu
Cartas pra ninguém
Num mundo vazio
Assinado
Aquele que fala com as vozes do silêncio
Aquele que escreve
E ninguém vê