No alpendre da casa velha, o vento vinha devagar
A rede ia e voltava, o tempo a descansar
A gente ria de tudo, sem saber do amanhã
O mundo na tela brilhava, mas ali era o nosso afã
O céu já mudava de cor, vovô chamava a rezar
Mas antes o Timão jogava, e a gente a gritar
Pastel quentinho da esquina, um gole de guaraná
Na simplicidade da vida, morava o verbo amar
Memórias do alpendre, batendo no coração
Cada primo um caminho, mas a mesma direção
A saudade é ponte viva, que o tempo não desfaz
No silêncio da lembrança, a gente se encontra em paz
Um primo na luta diária, outro sonha em estudar
E eu com meu violão, tentando não desabar
Mas quando fecho os olhos, tudo volta a clarear
A infância me abraça e me ensina a esperar
Na festa ou no sossego, no culto ou no salão
Peço a Deus que os guarde, com amor e proteção
São meus irmãos de alma, minha base, meu lugar
Mesmo longe, são farol, que insiste em me guiar
Memórias do alpendre, batendo no coração
Cada primo um caminho, mas a mesma direção
A saudade é ponte viva, que o tempo não desfaz
No silêncio da lembrança, a gente se encontra em paz
E quando a vida acalmar, no alpendre eu vou estar
Com a rede esperando e a esperança a balançar
Que os risos voltem leves, como a brisa do sertão
E que a gente se reúna, num só abraço e canção