Acordo e o silêncio me chama pelo nome
A parede conversa, mas ninguém me responde
Meus passos são ecos num quarto sem chão
Carrego os fantasmas da minha oração
A vizinha cochicha, o espelho me espia
As vozes que ouço não vêm da alegria
A cruz no pescoço tá fria, pesada
E a alma se arrasta, perdida e quebrada
Já fui esperança, já fui devoção
Hoje só resto em fragmentação
Pego o rosário e peço intercessão dos santos
Porque até Deus parece longe dos meus prantos
Rezo entre gritos que ninguém mais ouve
Meu peito é um abismo que nunca se move
São Bento, me guarda, São Miguel, me escuta
Minha mente é um campo de guerra absoluta
Santa Rita, me entende na dor sem sentido
São Francisco, me cura desse grito escondido
Cada ave-Maria é um fio de esperança
Mas os demônios dançam na minha lembrança
Chorei no confessionário, mas ninguém viu
A fé tá trincada, mas ainda é o que restou do fio
O mundo é barulho, mas dentro é mais tenso
E eu só queria um minuto de silêncio
Pego o rosário e peço intercessão dos santos
Porque até Deus parece longe dos meus prantos
Rezo entre gritos que ninguém mais ouve
Meu peito é um abismo que nunca se move
Já não sei o que é real, o que é alucinação
Mas creio que os santos me ouvem no chão
E mesmo quebrado, eu me ajoelho em dor
Com o terço na mão, buscando amor
Pego o rosário e peço intercessão dos santos
Meus olhos vazios pedem luz nos cantos
Se a fé é loucura, então que eu enlouqueça
Mas com cada conta, renasça a certeza
E se for pra sumir, que eu suma rezando
Com os santos me ouvindo, com o céu me esperando