Na viela onde o Sol se esconde
Caminha um menino só
Com o peito cheio de verdade
Mas tratado como pó
Vestido simples, rosto limpo
Mas ninguém quis enxergar
Julgaram pelo lado de fora
Sem tentar escutar
Disseram que eu sorria demais
Que isso era pra enganar
Mas o que eu tinha era só vontade
De no mundo acreditar
Se eu fosse mal, será que me veriam melhor?
Será que a dor viraria valor?
Se eu fosse frio, será que iam me aplaudir?
Só por fazer alguém fugir?
Mas eu não sou
Mesmo que a alma já tenha chorado demais
Desde cedo ouvi os sussurros
E aprendi a caminhar calado
Cada gesto meu vigiado
Como se fosse errado
A bondade virou meu segredo
Meu jeito de resistir
Mesmo quando a raiva tenta
Não me deixo confundir
Eu já quis gritar também
Mostrar o que eles querem ver
Mas prefiro ser farol pequeno
Do que apagar pra sobreviver
Se eu fosse mal, será que me veriam melhor?
Será que a dor viraria valor?
Se eu fosse frio, será que iam me aplaudir?
Só por fazer alguém fugir?
Mas eu não sou
Mesmo que o mundo não saiba amar quem sou
A pergunta ainda vive em mim
Mas não me deixa cair
Ser bom é difícil demais
Mas é nisso que eu quero insistir
Se eu fosse mal, talvez me escutassem enfim
Mas eu prefiro ser assim
Mesmo sozinho, sigo gentil
Com a alma firme e sutil
Na viela onde tudo começou
Ainda ando com dor e fé
Porque ser bom, mesmo no escuro
É o que me mantém de pé