Hoje acordei no deserto da minha mente
Onde os espelhos quebram sozinhos
E cada passo ecoa um grito que ninguém ouve
As vozes riem, depois choram
Elas falam por mim, eu já nem falo mais
Eu era parte de alguma coisa
Mas esqueci o nome, o rosto, o som
Agora sou silêncio com barulhos demais
Sou um grãozinho de areia, pequeno
Mas ao meu redor não tem areia, sou solidão
Sou uma gota de água, mas não estou cercado de águas
Sou um pedaço do mundo que o mundo perdeu
Fui desenhado por engano no canto da criação
Sou só eu, e mais ninguém
Converso com sombras que não sei se existem
Durmo com olhos abertos pra fugir dos meus sonhos
Tudo pesa, até o ar
E o tempo me atravessa como um trem fantasma
Sem estação, sem direção
Dizem que é coisa da cabeça
Mas é nela que eu moro, é tudo que tenho
E às vezes ela me tranca do lado de fora
Sou um grãozinho de areia, pequeno
Mas ao meu redor não tem areia, sou solidão
Sou uma gota de água, mas não estou cercado de águas
Sou um pedaço do mundo que o mundo perdeu
Fui desenhado por engano no canto da criação
Sou só eu, e mais ninguém
Se eu sumir devagar, alguém vai notar?
Ou vão só limpar o chão e seguir?
Eu queria ser parte de algo
Mas algo nunca quis ser parte de mim
Sou um grãozinho de areia, pequeno
Mas ao meu redor não tem areia, sou solidão
Sou uma gota de água, mas não estou cercado de águas
Sou um eco de mim mesmo tentando existir
Fui esquecido até por mim