Versos que escrevi na parede do quarto
Com sangue invisível, num choro tão farto
Falam de vozes que ninguém mais ouve
E de um mundo que gira sem que eu me mova
Me chamam de louco, de alma partida
Mas é aqui dentro que a guerra é vivida
Sorriso no rosto, tempestade na mente
Ninguém vê o inferno que mora na gente
São versos que escrevi, pra não morrer calado
Gritando no papel tudo que foi sufocado
Se alguém ler um dia, talvez vá entender
Que viver machuca mais do que morrer
As noites sussurram segredos de vidro
E eu piso em silêncio num chão dividido
Ouço passos que vêm, mas ninguém aparece
Minha sombra me olha, e depois me esquece
Meus amigos sumiram nas brumas do medo
E eu converso com fantasmas no espelho sem enredo
A sanidade é um fio que já se partiu
E o que restou de mim, nunca existiu
São versos que escrevi, pra não enlouquecer
Cada linha um pedaço que deixei de ser
Se alguém ler um dia, talvez vá chorar
Ou talvez só ria, e vá me julgar
O mundo lá fora nunca me abraçou
E os versos que fiz, ninguém escutou
Fui só mais um grito perdido no ar
Um poema doente tentando amar
São versos que escrevi, rasgados de mim
Palavras que sangram onde tudo tem fim
Se alguém ler um dia, que lembre de mim
Não como louco
Mas como alguém sem jardim