Cintilantes de luz, como rosas nevadas
São quais bagas sutis, são quais flores aladas
Gotas alvas de luar, liquefeitos diamantes
Áureos raios de Sol em cristais rutilantes
Tons azuis de arrebol, amálgama de cores
Apolíneos clarões matizados de flores
São quais réstias de anil de que o céu se decora
Ou fulgentes rubis, como prantos da aurora
Ígneas lágrimas de Sol, que os artistas egrégios
Inspirados pincéis de outros tantos Correggios
Não traduzem jamais
Nessas gotas de alvura
De pureza ideal, de pureza e brancura
Vejo no alvo palor toda a cor reunida
Como filhas da dor nas estradas da vida!
É que a lágrima é sempre essa joia encantada
Sublimada de alvor e de luz matizada
Delicada e sutil, com a pureza da neve
Fragmento lirial, suavíssimo e leve
Seja filha do amor, da amargura ou tristeza
Tem o mesmo esplendor invulgar de beleza!
Lágrima! Pela vida, és qual flor entre abrolhos
Alvo lírio da dor, refulgindo nos olhos!