Amanheceu encharcada
Toda a extensão da mangueira
Uma chuva aquerenciada
Não deu trégua a noite inteira
Formaram-se poças d'água
Nos potreiros e invernadas
No pátio da casa grande
Frente ao galpão, nas estradas!
Uma poça, dentre as outras
Tinha um olhar mais distante
Refletia lá do alto
A tez da Lua minguante!
E enquanto ganhava forma
Nos pingos da chuva mansa
Ia aumentando em si mesma
Uma inocente esperança!
Pra ver a Lua, de perto
Queria ganhar espaço
Pois ela mandava água
Partida em tantos pedaços
São devaneios ingênuos
Comuns as poças mais breves
Tão frágeis e tão fugazes
Filhas das chuvas mais leves!
Quando a manhã despontava
A chuva encontrou descanso
Depois de velar o sono
De homens e fletes mansos!
O amanhecer na querência
Tem seus rituais, suas normas
O mate, o café bem quente
Buçais nas mãos para a forma!
Pingos ferrados há uns dias
Ferrados e bem tosados
Para recorrer as coxilhas
E os paradores do gado!
Em meio à manhã que digo
Foi que o tranquear do cavalo
Encontrou aquela poça
Tão sonhadora, que falo!
Os cascos recém ferrados
E a Minguante que sumiu
Impressionaram a poça que
Do seu jeito, sorriu!
Pensou que a Lua, ao ouvi-la
Desceu para o seu encontro
Deixando o Sol no seu posto
Fechando a história que conto!