O poema tem a cara
Tem a cara do tempo
O cansaço dos dias
Tem rugas na cara
Na cara do tempo
No tempo dos dias
No tempo dos dias
A cara do tempo
O poema não se olha
Não se olha no espelho
Pois já sabe de si
O poema é o espelho
No rosto dos homens
Não se olha no espelho
O poema é o espelho
No rosto dos homens
O poema não tem
Não tem idade
O que ele tem
É o jeito da estrada
No poema o peso
Todo peso dos dias
Que o tempo e o rumo
Se encontram na estrada