Todo tempo que eu tenho
Por aqui eu sei que é pouco
Muitos falam da vivência
Sem se quer olhar pro outro
Desespero de criança
Faz sofrer meu coração
Tô sonhando com o dia
Que já não lhe falte pão
Nessa vida os desafios
Chegam pra nós ensinar
Que a união faz no futuro
Esse povo prosperar
Igualdade não é pedido
Tem que ser obrigação
Se o caminho não é fácil
Busque uma reflexão
Na lombada do camelo
É que o Sol bate primeiro
Quem não espera pela vida
Todo dia acorda cedo
O meu povo é ligeiro
Corre igual despertador
O sorriso vem primeiro
Que a postura de doutor
Sofrimento nessa vida
Todo mundo já passou
A diferença é o que tu fez
E não o quanto machucou
O solo que rachou
E a esperança levou
Do alto do céu
Tu me deu teu amor
Dois pregos nas mãos
E um certeiro no pé
A cruz do calvário
Te fez ser quem é
Todos julgamentos
Em cima do Zé
Me lembra um cara
Lá de Nazaré
O beijo do falso
FIcou no passado
Eles não dão beijo
Só vem com abraço
Coroa de espinhos
Igual a Jesus
Todo santo dia
Carrego minha cruz
Por ter essa pele
Um pouco escura
Sempre vem enquadro
Se tem viatura
Eles querem ser pretos
Sem nem ter a cor
Na mão desses cop
Não passam terror
No supermercado
Não são vigiados
E das viaturas
Não levam enquadro
Só querem ser preto
Pra entrar na cota
Mais nunca infrentaram
Racismo na escola
Tanto privilégio
Não te apavora
Sobe na favela
E vê o que rola
Meno torturado
Pela madrugada
E choro de dor
Eu ouvia de casa
Eles vêm de preto
Colete e fuzil
Com um carro caro
Todo mundo viu
Ponta de fuzil
É na cara de preto
E vocês não estão
Nem no morro
E no gueto
Ponta de fuzil
É na cara de preto
E vocês não estão
Nem no morro
E no gueto