A cova rasa debaixo da pedra
Já depurada por gente dali
Chegou ao ponto de dar em fervura
Névoa pairando no cariri
Serra da talhada pela mão do vento
Dorme no berço o filho do cão
A peste do bode no cabra da peste
Chaga da terra em coroação
Cauterizando o corte na carne
Olhos em transe fulgor que partiu
Língua pintada na cor do veneno
Luz que se vai e provoca ardil
Quente ao toque do rito da madre
Gela e sara em ablução
E na volta seca a centelha acendia
Em fogo-fátuo, purificação
Boitatá
Boitatá
Boitatá não vai parar
Boitatá
Boitatá
Vela acesa no lugar
Boitatá
Boitatá
Bota o ferro pra girar
Não vai
Não vai
Não vai parar
Boitatá
Boitatá
Boitatá não vai parar
Boitatá
Boitatá
Vela acesa no lugar
Boitatá
Boitatá
Bota o ferro pra girar
Não vai
Não vai
Não vai parar
A mão sinistra segura a peixeira
Na mão sagrada, oferta cabeça
Abre a fenda no novo pescoço
Luciferina emana da cria
Barbante aceso na parafina
Vela de ouro na goela do filho
Órgão que pulsa e solta fumaça
Dentro mortalha de fora um guia
Boitatá
Boitatá
Boitatá não vai parar
Boitatá
Boitatá
Vela acesa no lugar
Boitatá
Boitatá
Bota o ferro pra girar
Não vai
Não vai
Não vai parar
Boitatá
Boitatá
Boitatá não vai parar
Boitatá
Boitatá
Vela acesa no lugar
Boitatá
Boitatá
Bota o ferro pra girar
Não vai
Não vai
Não vai parar
Mão sinistra na peixeira
(Boitatá, boitatá, boitatá)
(Boitatá, boitatá, boitatá)
(Boitatá, boitatá, boitatá)
Mão sagrada na cabeça
(Boitatá, boitatá, boitatá)
(Boitatá, boitatá, boitatá)
Fenda aberta no pescoço
(Alguidar, alguidar, alguidar)
(Alguidar, alguidar, alguidar)
Frase velha relembrada
(Sol raiar, Sol raiar, Sol raiar)
(Sol raiar, Sol raiar, Sol raiar)
Vela alta, vela bela
(Corujar, corujar, corujar)
(Corujar, corujar, corujar)
Bruxuleia sete dias
(Arruinar, arruinar, arruinar)
(Arruinar, arruinar, arruinar)
Parafina derramada
(Coroar, coroar, coroar)
(Coroar, coroar, coroar)
Lampião virgulado
(Alguidar, alguidar, alguidar)
(Alguidar, alguidar, alguidar)