1500, 22 de abril
Nasci na floresta
Meu nome é Brasil
A saga da Amazônia
Sopra da boca de um anjo
Tupi-Guarani
E o céu da Babilônia
Berra
Europanaméricafricanobatalá
Baobá
Somos filhos de um Baobá
Oceano de Obatalá
Baobá
Voa minha águia de ouro
Descobre o tesouro
E a folha de louro
Oyá
Levante, levante, levante
Em Belém
É o vôo sonhado
De um pássaro Zen
Na selva de veludo
A espada o escudo
E a montanha sagrada dos ancestrais
Solfejo de cafuzo
É voz de Caruso
No barco do conde alemão
Zeitgeist
Ai, ai, ai
Vida, vida que vem
E vai
Dança antiga
Que o vento faz e desfaz
Valsa minha águia de ouro
Devolve o tesouro
O seu ouro é de tolo
Oyá
Evolução
Civilização
E os séculos se vão
Prendam a respiração
Catequese Iorubá Gira de incorporação
Disse um velho sarará
Meu coração
Pulsa em tuas mãos
Silêncio meus irmãos
Se acabou a escuridão
Venham ver a grande luz
Sexta-feira da paixão
Brilha quem morreu na cruz
Cificação
Cicatrização
E os séculos verão
Se o sertão vai virar mar
Se o mar vai virar sertão
Se após a morte uma revelação
Ou simplesmente uma nova extinção
Tenochtitlán
Tehotihuacan
Chan Tiã Chan
TIjuana Tikal Copán
Amazonyucatan
Tupã
A fome da Amazônia
Beija na boca da onça
Jibóia, Cunhã
E o pó de Yakõana
Transforma ó singela freira
Em puta pagã
Amanhã
Tem bailado e Juramidam
Veste a lenda Muiraquitã
Amanhã
Morre minha águia no fogo
O delírio do povo
É a queda do céu
Cai o véu
Kayowá Pataxó Yawanawá
Yanomami Xavantes Tupinambá
Ave Serpente Emplumada
Do vinho o dragão se banhou
E bebeu
E viu o Diabo nos olhos de Deus
A febre da Amazônia
Queima a garganta do arcanjo
De nossos zumbis
E eu vi
A paz no coração da terra
Renascem das guerras indígenas
Xapiris
Sambaquis
Somos filhos de Sambaquis
E se o destino sorrir
É o fim
Do meu vinho o dragão se benzeu
E viu um milagre
Nos olhos de Deus
Adeus