A deusa da alma atemporal
Pilar ancestral
No berço da lama
A pré criação
Num sopro de axé
Fez do abismo sua morada
Nesse chão inundado de fé
Vento das marés jeje e nagô
Cheiro de terra molhada no ilê
Das margens eu vi renascer
Doces manguezais
Nos igarapés mananciais
A vida respira
Feito o suspiro da despedida
Baila o aroma da palha no ar ôôô
Nas vindas de idas e renascimentos
Gira no toque lento do opanixé
Desata quebrantos no axexê Onisé
Ah vovó!!!
Iyá gbogbo Iyá
Memória quilombola
Silêncio de barro
Amassa deixa amassar
Em louça sagrada
Cada história servida
É receita de sabedoria
Entre fitas e guias
Batuques e rezas: Sant’Anna
Na encruza do terço e o alguidar
Ela é o passado que permanece
E o futuro que sobreviverá
Saluba Nanã burukú Iyá agbá
A divindade pro meu povo adorar
Firma na pele dos tambores da império
Manamauê batuques do meu Amapá