Choveu no meio do plano
O chão falou mais alto que o céu
Os passos não doíam tanto
Mas pesavam como papel
Uma sombra dividia o banco
E nem por isso era calor
Esperar demais ensina
Mas nem sempre com amor
Leve só o que couber no bolso
Deixe o resto pra estação
Se for pra sentir que passe
Feito vento entre a mão
As cores não pediram licença
Foram saindo de fininho
O eco não voltou resposta
Mas ficou feito vizinho
Há pesares que não gritam
Mas esfarelam por dentro
E há lembranças tão pequenas
Que viram chão em pensamento
Leve só o que couber no bolso
Deixe o resto pra estação
Se for pra sentir que passe
Feito vento entre a mão
Ninguém é linha reta
Nem sempre se vê o fim
Mas se chover por dentro
Deixa molhar até o sim
Não olhe muito pra trás
Nem precise perdoar
Algumas coisas se curam
Só por deixar de estar