Alupo, bará! Sou memória aguerrida
O povo sangra, mas honra a vida
A névoa não me faz renegado
Trago a coroa do negro respeitado
O vento da palha dançou na Bahia
Levou para os pampas a sabedoria
Com folhas e rezas, custódio reinou
E a alma africana no sul se assentou
Ifá uniu o que foi separado
África viva, batuque firmado!
Ô bará lodê! Ô xirê, bará!
Abawo, xapanã! Batuca tamboreiro
Oyó, jeje, nagô, cabinda, ijexá
Agô! Salve o príncipe
No coração do mercado, axé, cruzeiro do destino
Quem confia no bará não se perde no caminho
Na carne preta
Cortejo, Brasil de cor
Em cada filho azul e branco
É sul de preto que celebra seu valor
Ê congada, meu rincão pede igualdade
No estandarte de onira, rei zumbi da liberdade
Nenhum formigueiro apaga a raiz
Sou negrinho que acende outras velas
Ibêjis que iluminam a terra
Guardando a resistência na avenida estrelada
Colhendo das nuvens a justiça negada
Galopa no tempo, menino do rio grande
Portela acende o rumo na escuridão
Sou águia brincante, mistério de ajudá
Farol que guia os seus na imensidão