D'amiga a existência tão triste e cansada
De dor tão eivada, não queiras provar
Se a custo um sorriso desliza aparente
Que mágoas não sente, que busca ocultar?
Os crus dissabores que eu sofro são tantos
São tantos os prantos, que vivo a chorar
É tanta a agonia, tão lenta e sentida
Que rouba-me a vida, sem nunca acabar
D'amiga a existência não queiras provar
Há nelas tais dores que podem matar
O pranto é ventura que almejo gozar
A dor é tão funda que estanca o chorar
Se intento um sorriso, que duro penar
Que chagas não sinto no peito sangrar
Não queiras a vida que eu sofro, levar
Resume tais dores que podem matar
E eu as sofro todas e nem sei
Como posso existir?
Vaga sombra entre os vivos, mal podendo
Os meus pesares sentir
Talvez assim Deus queira o meu viver
Tão cheio de amargura
Pra que não ame a vida e não me aterre
A fria sepultura