Na morada em que todos faziam por não morar
Namorava o desgosto que tinham de um dia eu não voltar
E eu só queria ver a dor ao longe
Afogar a mágoa pra lhes dar a ponte
Pode ser que a vida um dia leve o rio ao mar
Pra comer bom peixe
Ai de mim se eu não tenho pé
Contra a onda, eu viro maré
Ai de mim se um dia perco a fé
Triste canto aos sete ventos
No mundo em que vivemos um homem tem de ser sarcástico
É tudo atrás de gaivotas e o que comеm agora é plástico
Na zona a jogar batota, era mais um no gráfico
A viver pela navalha, até mе cortarem o elástico
A vida nunca foi básica, a física aqui já conta
Minha caneta é clássica, a mímica a mim não fronta
Trinta que eu tou na pista, a querer espaço da vista gorda
Eu dou-te a mão, se a agarrares ela não solta
E eu só queria ver a dor ao longe
Afogar mágoa pra lhes dar a ponte
Pode ser que a vida, um dia, leve o rio ao mar
Eu vou pra onde eu viro maré, pr'a comer bom peixe
Ai de mim se eu não tenho pé
Contra a onda, eu viro maré
Ai de mim se um dia perco a fé
Triste canto aos sete ventos
Talvez se eu for
Eu vejo-me a afogar em mares que ainda desconheço (é)
Não vês valor
Me'mo o que não tá à venda, acaba por ter preço
Talvez a dor
Venha a ser a chave do nosso sucesso
Só vais se eu for
Traz a toalha, põe a mesa e serve-me com a certeza
Que se um homem vai à pesca é pra comer bom peixe
É pra comer bom peixe
Ai de mim se eu não tenho pé
Contra a onda, eu viro maré
Ai de mim se um dia perco a fé
Triste canto aos sete ventos