Nos jornais empacotados
Os problemas estampados
Greves fazem atrasados
Das escolas retirados
Da cantina eles olham pra você
Enquanto passa na TV
Que o seu bairro foi atacado
Seu ônibus incendiado
Fale pro Pete que as crianças não estão tão bem assim
Piadas que já não tem graça
Ódio por baixo da carcaça
E até mesmo meninos do maternal
Da creche municipal
Sabem que tem algo de errado aqui
E os garotos do ensino fundamental
Que as 13:00 almoçam arroz com sal
E dividem um livro entre si
Já tem certeza que o Pete errou
As crianças não estão tão bem assim
Na surdina, uns estudam outros morrem
Medicina pra uns, outros, mais um corre
Congressistas se preocupam com seus filhos
E amanhã prendem o moleque que puxou o gatilho
E os que dão, dão, dos que dão, dão
Esses que dizem que dão, são os que não dão
Saber quem são, e os que dão dão
Roubar merenda e vender droga, que situação
Levar dinheiro na cueca e não pedir perdão
Clamar a dor e violência e se dizer cristão
Fazer o povo acreditar que o sangue no chão
É solução
(Por isso elejo a verdade, e a verdade vos libertará)
(Nunca estive sozinho)
(Serei um defensor da constituição, da Democracia e da Liberdade)
(Desculpa, né)
(Que não vai mudar nada nesse país, tá?)
(Nada, absolutamente nada!)
As suas ideias na cabeça dão um nó
Na internet viram pó
Não sabe em que crer mas sabe ler
Fica difícil pensar fora dessa box
Enquanto batuca seu inox
Na janela da varanda gourmet
Pois no subúrbio o silêncio ecoou
O Sol nem levantou
Mas eles já
Hora por balas
Hora despertador