Não há quem te seja indiferente
Mesmo ao te ver pela vez primeira
Porque carregas altivez de gente
Mesmo que sejas, apenas figueira
Mãos estendidas por sobre a pampa
Altar campeiro dos corredores
A parada certa pra quem acampa
Trincheira erguida pros peleadores
Em noites frias, as rondas de tropa
No aconchego da tua ramada
O canto das aves por sobre a copa
Desperta o tropeiro de madrugada
Sagrado símbolo da nossa terra
Por mãos anônimas foste plantada
Espera os filhos que foram pra guerra
De olhos cansados mirando a estrada
Recitado
Quisera eu descobrir teus segredos
E o nome dos guerreiros que tu viste morrer
Entender suas razões, suas verdades e medos
Que a escritura dos livros não vai nos dizer
Testemunha viva da nossa história
Por ti cruzaram tropas de estouro
Teu silêncio ainda guarda memórias
E aos teus pés repousam tesouros
Na primavera, quando floresces
O tempo remoça em tua juventude
De tarde o Sol no horizonte desce
E tu vens deitar no catre do açude
Quem dera, eu, pudesse sempre voltar
E em tua sombra repousar o cansaço
Pois sei que fica sempre a esperar
E a todos acolhe em teus braços
Sempre que volto me sinto mais triste
Teu tronco velho deixou de ser forte
Da tua família só tu ainda existe
Centenária vivência num leito de morte