Não anuncio cantos de paz
Nem me interessam as flores do estilo
Como por dia mil notícias amargas
Que definem o mundo em que vivo
Eu vivo num cenário de guerra silenciosa, capciosa
Aqui o sistema não erra
Um dos lugares violentos da Terra
Aqui morre muito mais por dia do que morre numa guerra
Normatizaram a impunidade
É normal ficar impune, como é normal a promiscuidade
A improbidade do juiz é só o reflexo do mais alto nível de corruptibilidade
Habilidade nata, pro rata da sociedade brasileira
A desonestidade em forma de facada
Efêmera é a memória das massas
Em cadeia não produtiva
A voz ativa que todo dia é calada
Televisionada e ovacionada em prol do sensacionalismo
É o catabolismo que dá o aval ao genocídio
Eles podem me enfrentar?
Já começaram há muito tempo
Não anuncio cantos de paz
Nem me interessam as flores do estilo
Como por dia mil notícias amargas
Que definem o mundo em que vivo
Não anuncio cantos de paz
Nem me interessam as flores do estilo
Como por dia mil notícias amargas
Que definem o mundo em que vivo
Hey yo
E não espere que cantos de paz se anunciem
Porque eu não anuncio cantos de paz, reajo
Velejo descalço numa terra em transe que a cada passo vai se afundando mais
Desatino das massas sem passagem comprada
Com destino ao nada, por baixo das escadas, por cima das calçadas
Sobre o mesmo céu e o mesmo teto
Dentro o ódio e a falta de afeto
Muitos acumulam sobras, sobras acumulam muitos
Sombras surgem e sugerem que sejamos sujos
Não espere que eu seja forte, que eu seja firme ou santo
Eu não espero mais e o mundo não merece tanto
A rima é cítrica, a vida é cíclica
A autoestima é colete da nossa crítica
Criamos senso de bondade à beira da malícia
Pra que façamos nós mesmos nossa própria notícia
Não anuncio cantos de paz
Nem me interessam as flores do estilo
Como por dia mil notícias amargas
Que definem o mundo em que vivo
Não anuncio cantos de paz
Nem me interessam as flores do estilo
Como por dia mil notícias amargas
Que definem o mundo em que vivo