No telhado, antenas como nervos
As vitrines piscam sem promessa
Tenho um motor escondido no peito
Óleo e faísca na mesma conversa
Quando o asfalto ouve meu passo
O beco muda de endereço
Quem encosta sente o choque manso
Um convite que não aceita depois
Sobe o pulso, vira a chave
O bairro inteiro sai do breu
Neon corre no corrimão
O horizonte acende e deu
Não é milagre, é combustão
Quem tava quieto já moveu
Carros dormem com olhos de vidro
Gatos guardam o telhado como rei
Eu sopro brasa nas esquinas
Desenho um trilho onde pisei
Se cair, levanto em contragolpe
Meu eixo aprende com a maré
Quem duvida, vem medir o ritmo
O compasso cabe na sua fé
Sobe o pulso, vira a chave
O bairro inteiro sai do breu
Neon corre no corrimão
O horizonte acende e deu
Não é milagre, é combustão
Quem tava quieto já moveu
Três estalos no relógio, acelera
Cinco passos no concreto, acelera
Sete portas se destrancam, acelera
Nove vozes no terraço, acelera
Quando o coro bate junto
Até o silêncio perde o chão
Sobe o pulso, vira a chave
A madrugada perde a vez
Neon risca o céu de baixo
Eu guio sem olhar pra trás
Se perguntar que nome tem
Chama de agora, nada mais