Clarão corta o céu como uma faca
Segundos antes do ar virar brasa
A sombra queimada na parede ficou
Último retrato de quem se apagou
Nenhum trovão só um silêncio branco
O vento parou o mundo está quente
Os olhos secam antes do choro
A pele é só cinza e o tempo é pouco
E não restará nada
Nenhum nome na areia
Só o brilho que ficou
Onde a vida era cheia
Crianças viram o rio secar
A sede queima mais que o mar
A mãe que abraça o vazio no colo
O futuro é um fogo devagar e solto
Sons de estática frequências baixas pulsantes
Coro em reverso ecoando
E não restará nada
Nenhum rastro na névoa
Só o eco do que foi
Onde o mundo ainda doía
Amanhã já não existe
Amanhã é só poeira