Hoje eu canto sem plateia
Vou vivendo minha odisseia
Vejo o mundo a se curvar
Pro que brilha sem durar
Likes viram religião
Mas sigo outra duração
Minha estrada é sem vitrine
Sem loucura, sem fanzine
Pode ser que eu passe ao lado
Mas eu não sou fabricado
Mesmo que ninguém me ouça
Que eu cante pra sei lá quem
Minha canção não é de louça
Vai ficar depois do além
Pode hoje estar dormindo
Numa bela criogenia
Vou sem pressa indo e vindo
No tempo da astronomia
Sei que não sigo um padrão
Meu estilo é não ter não
Mas meu tempo é outro passo
No sucesso ou no fracasso
Não sou de fazer programa
Minha arte é quem me chama
E se o mundo andar sem ver
Mesmo assim vai florescer
Pode não render agora
Mas um dia chega a hora
Mesmo sendo um eremita
Vivendo fora do tom
Cada nota que eu emita
É um farol num novo som
Pode hoje estar dormindo
Numa bela criogenia
Vou sem pressa indo e vindo
No tempo da astronomia
Sem aplauso sem sentido
Num vazio comprimido
Sei que o povo anda surdo
Mas resisto ao absurdo
Já lancei minha mensagem
Na garrafa ao oceano
Vou curtindo a viagem
Num mundo kafkiano
Minha sonda foi lançada
No espaço imensidão
Pode ser valorizada
Por outra civilização