Olho para um céu escuro
Iluminado pelas bordas
Num rosa turvo
Que não sai da visão
No meio dessa massa celeste
Cai nesse momento sobre as minhas vestes
O choro amargo da minha solidão
Essa chuva que lava minh'alma
Essa água que se funde às lágrimas
Eu sei que já não há mais salvação
Só me resta deixar que a água caia
Só me resta deitar na calçada
E aguardar que cesse a tempestade
E assim vou deixar que o vento me leve
Vou permitir que a corrente me carregue
Até as margens de um rio
Ou às bordas do oceano
E quando a luz do dia acender
E quando as nuvens forem se dispersar
Vou poder respirar
Sem o peso da sua presença
E não mais lembrar
Das tuas lembranças