Vejo sombras nos cantos da memória
E as palavras que o vento não levou
Ficam presas nas cordas da história
Como ecos de um amor que não cessou
E se o destino escreve sem querer
As canções que eu tento entender
Talvez reste um som pra renascer
Na saudade que insiste em viver
Se cada nota lavasse o que partiu
Se a melodia abraçasse o que o tempo não viu
Nesse pranto sem voz que a canção me empresta
A alma se desnuda na dor que me testa
Em cada morte vivida
Em cada Deus calado
Busco um pouco de vida
No que foi deixado
O violão se acalma
Mas meu peito não
Notas soltas
Lembranças tão nuas
Dançam no ar como luas
E se perdem no chão
Já não sei se ainda sonhei acordado
Ou se é só o silêncio que me conduz
Às promessas que fiz têm ficado
Onde a luz se confunde com a cruz
E se a saudade for minha oração
Talvez cante a própria redenção
No compasso da solidão
Que me chama com outra canção
Se cada nota lavasse o que partiu
Se a melodia abraçasse o que o tempo não viu
Nesse pranto sem voz que a canção me empresta
A alma se desnuda na dor que me testa
Em cada morte vivida, em cada Deus calado
Busco um pouco de vida no que foi deixado
O violão se acalma, mas meu peito não
E no silêncio o final da canção
Ecoa no que restou do coração
Um suspiro, um refrão
Que insiste em não dizer adeus