Eu já não tenho tempo pra milongas
Destas que inventam novidades
Nem quero escrever pra quem não lê
Gastando minhas palavras de saudade
Não quero ter histórias que não sei
Por que contei algumas com cuidado
Tão pouco visitar a vida alheia
Por mais que eu tenha sido convidado
Não vou mais certamente dar conselhos
E nem ouvi-los sim guardando mágoa
Nem vou desperdiçar um vinho bom
Com gente que nem sabe beber água
Eu não vou mais estar em prosas longas
Na fala dos medíocres e medianos
Eu quero arrastar mi'as alpagartas
Do lado de quem vive nos meus planos
Eu vou seguir me rindo dos tropeços
Sabendo aplaudir os vencedores-
Não vou perder o tempo que me resta
E nem fugir da noite e meus temores
Não vou vestir as pilchas do passado
Somente pra dizer que coube em mim
Vou ir até aonde der a estrada
Pra ver como que é depois do fim
Eu sei que o tempo moço que já tive
Não cabe no depois que ainda virá
Talvez o amanhã seja só hoje
Mas disso, a gente nunca saberá!