Poetas não morrem
Não me deixam ir
Poetas não morrem
Me fazem resistir
Somos plateias em um deserto de ideias
Que se alastram a cada segundo
Me resgato em poesia, a minha terapia
São palavras que escrevo
E os versos que me aprofundo
Mente vazia, não posso ter
Tenho que me proteger
Minha mãe reza por mim, todos os dias
Tenho que ser melhor, todos os dias
Por ela por todos que por mim passaram
E por aqueles que ainda estão
Sou salvo, não alvo
Meu destino tá escrito
Me mantenho calmo
Naquilo que acredito
Demorou mas entendi
Vivi o que vivi
Pra hoje saber porque estou aqui
Não complico, facilito
Modo paz, habilito
Se me pedem pra ficar, eu fico!
São tantas faces de mim
Que nem me reconheço
As vezes ruim então retorno pro começo
Vida você não tem preço, esta pronta
Mas me afronta como se estivesse jogando contra
Aponta meus defeitos, estremeço
E de novo volto pro começo
Desisto? Não! Insisto
As vezes eu persisto
Avisto o horizonte
Me visto pra subir o monte
Palavras corretas, curas incertas
Queria uma bicicleta
Ainda temos poetas?
Poetas não morrem
Não me deixam ir
(Se propagam como astros no universo)
Poetas não morrem
Me fazem resistir
(Por onde passam deixam rastros dos seus versos)
Poetas não morrem, vivem na canção
Nas estrelas que brilham, nas rimas que dançam
São guardiões das historias, dos sonhos e amores
Teias de palavras, tecendo mil cores
Versos que fluem como água cristalina
Refletindo a realidade, de forma genuína
Em cada linha, um pedaço da alma exposta
Eles são a voz, o sentido, a proposta
Camuflam nas arestas das linhas sutilmente
São o antidoto do veneno da serpente
Uma boa parte da bagunça do aconchego
E reflexo do pensamento em desassossego
Respire fundo nego, mergulho no silêncio
Vai entender o sentido do desapego
O mundo quer trocar soco
Mas aquele que reage na mesma altura
A essa altura e considerado louco
Pare um pouco e pense se e você ou o outro
Que verbaliza do fundo do coração oco
Comece se perceber nas profundezas da escuridão
Abra os olhos e escreva uma canção enraizada na lama
Deixe suas pegadas no parque, mas sem pisar na grama
Grave a guia, descarregue e faca a festa
Sabendo que poesia e operação sem anestesia
E não só aquilo que resta da magoa, do corre
Da água que escorre, no ralo da pia
Poetas não morrem
Não me deixam ir
(Se propagam como astros no universo)
Poetas não morrem
Me fazem resistir
(Por onde passam deixam rastros dos seus versos)