Aqui começa a canção
Uma história de amor, um concerto entre nós
Um copo cheio, um mar de bonança
Uma esperança, um acorde, um compasso, uma voz
E, nota a nota, assim mesmo
Vai surgir no papel, no ouvido a canção
Um desenho, uma insônia, um projeto, um borrão
Uma hora, uma noite, um serão
Assim começa a canção
Uma rua, um jardim, um adeus, um abraço
Um gesto cheio de nada, ilusão
Uma praça vazia, uma bala, um estilhaço
É um concerto maior
Um olhar, um sorrir, um correr de criança
Uma valsa que gira em três tempos na orquestra
Uma flor, um retrato, uma trança
E num crescendo de amor
Um violino que é mais uma veia, um queimar
Um fogo aceso, um arder sem ardor
Falar em silêncio, uma noite, um luar
E, nota a nota, me entrego
Um compasso, um navio, uma praia, um desejo
Um choupal, um rimanço, um trinado, um Mondego
Uma margem mais larga que o Tejo
Lai, la, la
E não acaba a canção
Uma nota, uma valsa, um concerto entre nós
Um olhar de criança, quem sabe, uma ilusão
Um engano, talvez, a sós
É assim que começa a canção
Lai, la, la