Ouço vozes quando tudo está em silêncio
Paredes falam, mas ninguém entende o que eu sinto
O espelho me olha com pena e repulsa
E o tempo me deixa pra trás como se eu fosse culpa
A noite me abraça com braços de gelo
Meu quarto é um abismo pintado de medo
Falo com sombras que moram comigo
E finjo sorrir pra não assustar os vivos
E se eu gritar, ninguém ouve
E se eu sumir, ninguém nota
Tantas versões de mim
Brigando dentro da mesma cova
Se eu chorar, me perdoe Deus
É que às vezes pesa mais do que eu aguento
Minha fé enfraquece, mas não morreu
Só se esconde entre o pranto e o lamento
Se eu chorar, me perdoe Deus
Tô tentando não perder o meu intento
Mas tem dias que viver me dói
Mais do que qualquer tormento
Converso com vultos na beira da cama
E lembro de mim quando ainda tinha alma
As vozes me dizem que já não sou nada
Mas ainda imploro por uma madrugada
Já tentei rezar, mas a reza me some
Já tentei amar, mas o amor me consome
Já tentei ser forte, mas a dor me nomeia
Sou só um grito preso em uma ideia
Se eu chorar, me perdoe Deus
Não desisti, só tô cansado demais
Se eu falhar, me acolha nos teus
Mesmo que eu me perca nos vendavais
Se eu chorar
Se eu chorar
Me perdoe Deus