É que eu escrevo sobre as ruas, sabe?
Eu escrevo pelas ruas
E foi na rua que eu pensei quando me perguntaram o que é literatura
Eu aprendi a ler duas vez, a segunda olhando prédios
E aquele dia que o escama me deu um alfabeto
E foi na lama que eu nasci de novo
Toda as 7 vidas tão intactas, me chamam Bruxa Helena
Esse beat é do gato, cê sabe
Quando eu virei Nabru eu jurei não perder a magia
Até esperaria mas já sou bem crescidinha
Mulheres negras tem problemas reais, tem problemas demais
Muleques brancos não compreenderiam
Dentro da academia eu e minha poesia marginal
Eu não sei se Antônio Cândido me entenderia
Teoricamente é tudo muito mais bonito
Praticamente é outra história
Foi uma fita assim que o Cassol falou pra mim
Não vale uma breja zero e um marlboro light
Olhando o movimento da cidade grande
Sei que os seus olhos ardem tentando ler e entender e até chamar de arte
São primitivos os que escrevem nas paredes e pedras
Nesses concretos que eu rabisquei minha vida
São só instintos reprimidos, os desejos da minha carne
Amor de Vênus não supre, é divertido só que adoece
Eu abro chaga quando escrevo, sangro nas linhas
Sempre que eu faço um rap eu me sacrifico um pouco
Só depois que eu ouço a guia é que retorno à vida
As vezes que eu me esqueci que eu nasci pra isso
Foi quando eu me olhei no espelho e me enxerguei vazia
A minha vida é um romance tipo Jorge Amado
Por isso faz todo o sentido Tereza Batista
Por isso faz todo o sentido Tereza Batista, cansada de guerra