A verdadeira luz não desce do céu
Ela acende por dentro, entre os ossos
Não tem cor, não tem dono
Mas queima o nome de quem se nega a vê-la
Ela não guia, ela rasga
Não consola, ela revela
É o instante entre o véu que se rompe
E a palavra que ninguém ousa escrever
É o brilho que não pede aplauso
É o reflexo que desmascara o altar
É o eco daquilo que cala
Por saber
Que dizer seria profanar
A verdadeira luz não liberta, ela exige
Não perdoa, ela grava
É o selo que só brilha no sangue
Quando o verbo jura
Corto a garganta antes de quebrar a palavra
Ela mostrou o traidor com olhos limpos
Mostrou a queda escondida no ouro
Ela soprou o nome esquecido
E os livros tremeram de novo
Veio do fundo da pedra selada
Do ponto onde o nome foi riscado
Ela não pertence a dogma ou fé
Ela é o risco que resta selado
É a luz que não se revela em multidão
É o clarão que escolhe e exige silêncio
Não se escreve não se ensina
Se encarna ou se paga o preço
A verdadeira luz não consola, ela vigia
Não seduz, ela marca
É o brilho que corta jurando em pedra
Prefiro sangrar do que romper a guarda
Ela não precisa templo
Ela é o centro
Ela está onde ninguém a descreve
Mas todos temem ver
A verdadeira luz não se explica
Ela silencia
Não se busca
Ela encontra quem suportar a iniciação
Não me salvou
Me revelou
E o que vi com ela
Nunca será dito