Do tronco sagrado nasce o canto
A seiva vibra, a vida escuta
Escrevivência borda a minha história
A luta pulsa nos becos da memória
No chão riscado, oh mãe, meu destino
Ser imortal num sopro divino
Meus passos moldam o barro da estrada
Cada verso corta feito uma navalha
Carregam tantos prantos e lamentos
Saberes do povo retinto e imenso
Criança dança, pé no chão e riso claro
Eu-mulher movo o mundo, meu caro!
Sou Ponciá, flor do mulungu
Identidade verde e branca é Ubuntu
Mulher preta floresceu no Brasil
Semente potente, em ouro reluziu
Os olhos d'água de Oxum
No espelho refletem coragem
Flores de leite, vida e bondade
A noite cura, ancestralidade
No tutano do verbo, lugar de fala
Marcas que o tempo não apaga
Da folha amassada, a direção
Palavra viva em forma de oração
Canta Império, revela o segredo
Nossa favela venceu o silêncio