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Plutónio

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Não existe pacto para ficar rico, meus filhos
Se havia feitiço, todos os que kimbandeiros do mundo seriam multimilionários como o Bill Gates, Elon Musk
Não, tudo é falso
Jovem, tem que estudar, tem que trabalhar, fazer o teu negócio
Conseguir um negócio, pouco a pouco
Não há feitiço para ficar rico
Meus filhos, não se enganem na internet

Eu comecei com uma ou duas gramas e já nem tenho mãos pra servir tanta demanda
Alguns meteram a corda no pescoço, pra ter cordões no pescoço, eu andei na corda bamba
Eu cresci com o peso do meu Ghetto
Consciência tava Levi's, tipo uma calça de ganga
A despachar clientes na varanda
Na tuga tem bué falsa propaganda
Eu tive que sonhar além pra'a chegar ao Alentejo
Eu não cresci numa vila morena
Preto como a minha mãe, era única no Ribatejo
Fiel a Deus, eu sei quem me protege
O meu lápis cor de pele não era bege
Vigésimo quinto do quarto mês
Minha mente agora é livre como a ponte sobre o Tejo
Mas tenta ver pra lá do jornalismo
Maioria dos problemas deste mundo vem do ismo
Eu sei que tem fascismo, desigualdade e machismo
Mas mulheres africanas ainda sofrem com racismo
Fé em Deus acima do fanatismo
De Abrãao ao judaísmo, cristianismo, islamismo
Nascemos pecadores, mas duvido que o batismo
Com as mesmas atitudes vá-nos salvar do abismo
Comigo não tem guerra lirical
É mais fácil veres a terceira mundial
Entre bairros tem guerra marginal, mas quem vende armas dá exemplo a fazer guerra universal
Tem sempre uma ação que gera reação
Descobrimentos geraram imigração
Volta pra'a tua terra só não é questão quando tu tens talento pra'a representar uma nação
Enquanto ladras passa a caravana
Tô a dar a volta ao mundo, há quem diga que a terra é plana
O meu prédio tinha cheiro a marijuana
A tua boca só diz merda, tu tens cheiro a carripana
Se o assunto é grana, eu tenho moves disso
Aqui no topo o chão é movediço
Até com melodias o meu rap é compromisso
Mas eu tô a mijar nos rappers até quando eu cago nisso
Presta atenção no que não presta
E eu manifesto o trabalho antes da festa
Não vais ser homem sem bater com a testa
E eu já tô desde quinta-feira só a dormir a sesta
Uma vida modesta e uma casa no meu canto
Mas ainda não é desta, eu sou Tsubasa dentu campo
Homem de fé, mas também não sou nenhum santo
Quando me veem os homens ligam o pirilampo (ya)
Preto com dinheiro é chato
Ontem tava na pista sem comida no prato (ya)
E agora tô no estrelato
E até filhas de elitistas querem filhos mulatos (ya)
Precisei, tu só te ris-te
Eu vim do zero, fui aos cem, tu nem me viste
Talento assim como o meu já nem existe
Prefiro ser maluco do que triste
É triste o genocídio, o mundo não aprendeu
É triste a Palestina, a história agora inverteu
É triste o que os nazis fizeram o povo judeu
Stalin matou o triplo, mas ficou no museu
Leopoldo do Congo não se falou no liceu
Doze milhões de escravos só a tuga vendeu
Tá escrito em vários livros, quem escreveu não fui eu
Será que a dor tem importância se não é do povo europeu?
Num mundo a preto e branco o meu talento contrasta
Melhoro como o vinho porque eu sou de outra casta
Lutar até ao fim, pois ter princípios não basta
Eu sou filho de Deus, mas tive a vida madrasta
Dizem que cada um colhe o que planta
Vou virar uma árvore antes de eu cair na campa
Tenho uma metralhadora dentro da garganta e quando ela almoça ninguém janta
Tem sempre uma versão a mais
Verdade é que ainda há bué racistas entre policiais
No bairro eu fiz uns capitais
Eu só vim pra'a mudar estatísticas e nada mais
Cresci com traumas ex-coloniais
Herdei problemas dos meus ancestrais
Até chegar à capa dos jornais
Mas

Pus o Louis V de ganga
Tenho a vista sobre o Tejo
Vejo a falsa propaganda
Tô a girar no GLS
Ignorância nem me espanta
Fumo um nite e nem me stresso
Visto a camisola dez, visto a camisola dez

Mas fica à vontade
Critica à vontade
Mas fala verdade
Dinheiro à vontade
Eles não sabem o que fazem
Oh meu Deus
Eles não sabem o que fazem
Oh meu Deus
Eles não sabem o que fazem
Eles não sabem o que fazem
Não sabem o que fazem