A estrada sumia no breu da escuridão
O rádio chiava, perdia a estação
O som era fita, a trilha da missão
Frio na barriga, sem direção
O carro engasgou, parou de vez
No meio do nada, sem sinal de freguês
A chuva caiu, como cena de filme
E a gente ali, sem saber se era azar ou destino
Só queríamos a festa, só queríamos dançar
Rir com a galera, esquecer de tudo e voar
Mas a estrada quis testar o coração
No temporal, fizemos a nossa canção
Com a tampa do motor aberta, lanterna na mão
Só rindo da sorte, sem outra opção
Trocando ideia, molhados até o osso
Mas sem perder o brilho do nosso esforço
Sem GPS, mas sabíamos o chão
A estrada era velha, quase de estimação
O mundo era outro, sem notificação
Mas a vontade de curtir era nossa conexão
Só queríamos a festa, só queríamos dançar
Rir com a galera, esquecer de tudo e voar
Mas a estrada quis testar o coração
No temporal, fizemos a nossa canção
O motor voltou com um grito e um tremor
A gente vibrou, foi tipo um clamor
Molhados, cansados, mas cheios de vida
Com riso no rosto, seguimos a corrida
Chegamos atrasados, mas ninguém ligou
A pista pegando fogo, o som nos chamou
Aquela noite virou lenda entre nós
Na falta de sinal, falamos com a voz
E quem disse que a festa era lá
Talvez fosse aqui, na curva que o tempo vai guardar
Debaixo da chuva, surgiu emoção
Naquela noite, viramos refrão
Só queríamos a festa, só queríamos dançar
Mas fizemos história pra nunca mais apagar
Na estrada molhada, nasceu essa canção
A festa foi nossa, no meio do trovão