Tem gente dormindo na calçada
Enquanto o luxo desfila de terno e gravata
Promessas caem feito chuva ácida
E o povo engole, calado, na marcha errada
A cidade gira sem coração
Prédios altos, almas no chão
O som das sirenes é o nosso hino
Nos vendem medo, nos vendem silêncio
Mas a verdade explode no asfalto
Tamo gritando na margem do asfalto
Onde a justiça corre, mas não olha alto
Somos o grito que não cabe no jornal
Somos Brasil, sem final feliz
A escola ensina a obedecer
E o sistema manda esquecer
Querem paz, mas vendem guerra
Querem ordem, mas pisam na terra
E o trabalhador, com a alma cansada
Paga o preço da esperança apagada
Nos vendem sonhos vencidos
Mas a rua sabe o que tem vivido
Tamo gritando na margem do asfalto
Onde a justiça corre, mas não olha alto
Somos o grito que não cabe no jornal
Somos Brasil, sem final feliz
E se um dia a voz subir o morro
Se um dia o amor bater mais forte
Quem sabe a gente reconstrói do zero
Um país inteiro com menos quero, e mais união
Tamo gritando na margem do asfalto
Onde a esperança sangra em cada salto
Mas ainda somos chama no temporal
Somos Brasil, sem final feliz