Tem que acreditar
Não é lenda, eu vi
Tem no bucho uma boca
O Mapinguari
Esse assoviar
Dá medo sem fim
Na trapaça, de tôca
Lá vem Matim
Não tem fumo, não!
A cachaça na cuia
Cê pode levar
Quanta confusão
Esses seres da mata
Me fazem passar!
O tempo fechou
Pronto me perdi
Curupira, devolva
O meu tipiti!
O boto boiou
Não tem candiru
Me encantou doce o canto
Do Uirapuru
Me contou Saci
Quando a Mulher de Branco
Vem me visitar
Deixa o Sol sair
E o fantasma de um homem
Vem me atazanar
Bicho na espreita
Na margem direita
Do rio se estreita
Pra me alucinar
Não foi boiúna
Nem índio Ticuna
Não foi Tupã
Esse talismã
Nessa viagem
Eu vi a visagem
Avessa à paisagem
Pairando no ar
Esse segredo
Não é arremedo
Eu juro tão cedo
Jamais duvidar do que há!
Noite trovejou
Fez brotar a fé
Quando o Velho Caboclo
Puxou meu pé
Rede desatou
Foi coisa do cão
Eu desabo nas águas
Da escuridão
É melhor rezar
Para São Benedito
Minhas preces ouvir
Para me salvar
Mas se vivo aflito
Prefiro fugir
No Eldorado
Destino sagrado
Vi, enluarado
O Jurupari
Na correnteza
Deixei a certeza
De nunca crer
No que não se vê
E acreditando
Fui relampiando
Me desafiando
A poder enxergar
Esse segredo
Não é arremedo
Eu juro tão cedo
Jamais duvidar do que há!